Com três palcos simultâneos no Summit Cidades, maior evento de comunicação da América Latina recebeu palestrantes que são referências do marketing político
As transformações na comunicação política e as principais tendências do mercado brasileiro marcaram o primeiro dia do Compol Brasil 2025. O maior evento de comunicação da América Latina acontece dentro do Summit Cidades, de terça (24) a quinta-feira (26), no CentroSul, em Florianópolis.
Em três palcos simultâneos, profissionais que são referência no marketing político apresentam ao público reflexões sobre a relação e conexão entre políticos e eleitores, estratégias digitais determinantes na comunicação política, uso da inteligência artificial e cases de sucesso. Para Marcello Natale, um dos criadores do Compol Brasil, a comunicação política no país vive um momento de transformação, e o evento representa uma virada de chave no mercado.
“Estamos testemunhando o nascimento de um mercado mais profissional, menos baseado no improviso e mais pautado em inteligência. O Compol Brasil faz parte dessa transformação e a prova disso é um evento que reúne milhares de profissionais que fazem marketing político e que estão escrevendo esse novo capítulo”, afirma o especialista em comunicação política e estratégia digital. A edição nacional do Compol marca o início dos eventos regionais, que serão realizados em quase todos os estados do Brasil.
Na abertura dos palcos do Compol, o publicitário e especialista em marketing político Guto Araújo apresentou o conceito e a estrutura do Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), os pilares que sustentam a entidade e sua importância para a profissionalização do mercado. Um dos destaques deste ano é o 4º Prêmio CAMP, realizado nos anos não eleitorais, que nesta edição amplia as categorias de premiação para incluir iniciativas de comunicação governamental, além das campanhas eleitorais — com distinções para cidades com menos de 200 mil eleitores.
Conexão emocional e criatividade nas campanhas eleitorais
Um dos entusiastas da comunicação política no país, Juarez Gomes trouxe ao Compol a experiência acumulada em campanhas eleitorais no Nordeste. No painel “Aí é que tá! Como conquistar atenção e conectar corações”, ele apresentou os principais conceitos que norteiam seu pensamento criativo e estratégico. Entre eles: sentimento público, relevância do que é importante para o eleitor, viabilidade de execução e criatividade para transformar ideias em produtos que conectem.
“A percepção de sentimento da população muda de eleição para eleição, e esse fator precisa ser considerado. Assim como a relevância do que é importante. O que é mais importante dentro do sentimento público? A partir disso, precisamos de estratégias possíveis de executar. O mundo é de quem faz. Considero que transformar a estratégia no processo criativo é o traço do mercado da comunicação política”, afirmou Juarez.
Desafios contemporâneos
Com atuação em eleições desde 1986, Felipe Soutello, especialista em estratégia e marketing político e eleitoral, levou ao palco do Compol provocações importantes sobre o atual cenário político do país. No painel “Desafios contemporâneos do marketing político”, Soutello abordou temas como polarização, os conceitos de direita e esquerda, o uso da inteligência artificial e as transformações provocadas pelas redes sociais na forma de fazer política.
Sócio-proprietário de duas agências de comunicação, o especialista também refletiu sobre o papel dos profissionais que atuam no marketing político. “O mercado da comunicação política está crescendo cada vez mais. Mas precisamos refletir sobre o nosso papel no processo político. Ajudamos os políticos a construir suas narrativas e quais são os limites disso? Não podemos esquecer que a política altera a vida de milhões de pessoas, e temos que atuar com responsabilidade”, afirmou.
Crítico à PEC 12/2022 que propõe o fim da reeleição e unifica as eleições a cada cinco anos, Soutello alertou para os riscos da proposta ao processo democrático brasileiro. “A nossa democracia, o processo de votar em um candidato, ainda é jovem. Não podemos ir às urnas a cada dez anos em um mundo onde as mudanças acontecem a todo momento. Além disso, os problemas reais da população podem perder espaço para discussões polarizadas”, concluiu.
O Compol é realizado pela Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos (Fepese), em parceria com as agências NinaLab e BN3.