Economista foi a grande atração no último dia do Summit Cidades 2025, em Florianópolis, que reuniu 12 mil pessoas em três dias do evento
“A inteligência artificial vai melhorar a eficiência em muitas áreas. Mas também eliminará funções exercidas por pessoas menos qualificadas. O papel do Estado em relação a essas pessoas vai crescer. Os gestores precisam estar preparados para essa realidade e investir na qualificação para o uso adequado dessa tecnologia”. Com esse alerta, o economista Ricardo Amorim resumiu um dos maiores desafios dos gestores públicos e das organizações nos próximos anos. Em sua palestra no Summit Cidades 2025, nesta quinta-feira (26), ele falou para um público atento sobre o crescimento exponencial da IA e o impacto que essa tecnologia pode ter no mercado de trabalho. Segundo ele, as administrações municipais terão de preparar a população para uma nova realidade profissional e de estilo de vida.
Amorim reforçou dois temas centrais que permearam os painéis ao longo dos três dias de evento: o papel estratégico dos municípios para o desenvolvimento econômico e as mudanças no comportamento da sociedade diante do avanço de novas tecnologias. Para o economista, ao se falar em cidades inteligentes — lugares bons para viver e com mais oportunidades — é preciso entender o contexto global e as responsabilidades de governantes e entes públicos nesse processo de transformação. “Estou convencido de que, diante das mudanças demográficas, tecnológicas e nos modos de viver e trabalhar, a importância dos municípios só tende a crescer”, afirmou.
Ele ressaltou que os desafios serão cada vez maiores, mas as ferramentas para enfrentá-los estão cada vez mais acessíveis, entre elas, a própria inteligência artificial, que, embora provoque temor, pode ser uma aliada se bem aplicada. “As cidades do interior crescem mais do que as capitais. A realidade que vivemos hoje não pode limitar o que imaginamos para o futuro. Não tenho dúvidas de que nossas cidades serão muito diferentes do que conseguimos imaginar”, disse. Para concluir, Amorim provocou os gestores presentes: “Como, em meio a tantas transformações, vocês podem cumprir a missão de cuidar e melhorar a vida das pessoas?”
Boas práticas
Dentro da programação do Summit Cidades, a Mostra de Boas Práticas Municipais traz algumas respostas para a provocação feita por Ricardo Amorim. Em 2025, foram reconhecidas 46 iniciativas relevantes na gestão pública local. O evento valoriza experiências bem-sucedidas, fomenta a inovação na administração das cidades e promove a troca de conhecimentos entre gestores de diferentes regiões do estado. Realizada pela Federação de Consórcios, Associações e Municípios de Santa Catarina (FECAM), em parceria com o Consórcio de Inovação na Gestão Pública (CIGA), a Escola de Gestão Pública Municipal (EGEM), o Consórcio Interfederativo de Saúde de Santa Catarina (CINCATARINA) e a Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos (FEPESE), a Boas Práticas apresentou painéis organizados por eixos temáticos que destacam soluções criativas, sustentáveis e replicáveis em áreas como educação, saúde, meio ambiente, gestão fiscal, inclusão social e tecnologia.
Futuro do empreendedorismo e do agro
A presença da senadora Ivete da Silveira, embaixadora do evento, foi outro destaque. Ela apresentou o PLP 60/2025, projeto de lei de sua autoria, que amplia o limite de faturamento do Microempreendedor Individual (MEI) para até R$ 140 mil ao ano, o chamado Super MEI. O texto permite também a contratação de até dois empregados. Ivete ressaltou a importância de políticas públicas atualizadas para apoiar o empreendedorismo catarinense e brasileiro. Na sequência, o secretário de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Carlos Chiodini, compartilhou experiências de sua recente missão ao Japão e à China, reforçando o compromisso do estado em buscar soluções e parcerias para fortalecer o setor agropecuário local.
Licitações públicas em debate
O advogado e professor Joel de Menezes Niebuhr foi um dos destaques do palco LicitaCin. Especialista em licitações públicas e contratos administrativos, ele abordou os principais desafios e interpretações em torno da contratação direta pela administração pública. Durante a palestra, Joel reforçou que, embora seja uma exceção, esse modelo está previsto em lei e pode ser necessário em diversas situações. “Não há nada de errado com a contratação direta. O que não se pode é esvaziá-la com interpretações radicais que a tornem inviável”, afirmou.
Novo código eleitoral
O terceiro e último dia do Compol Brasil 2025 consolidou o evento como um dos principais encontros sobre comunicação e marketing político do país. Reunindo especialistas, estrategistas, e referências do setor, o evento proporcionou uma programação diversificada com temas que tratam sobre aspectos legais e éticos das campanhas, cases de sucesso, metodologias de trabalho, uso da inteligência artificial, uso estratégico de elementos visuais na construção de imagem política, entre muitos outros painéis. As discussões levaram o público a reflexões relevantes sobre o presente e o futuro da comunicação política no Brasil.
Entre os destaques do último dia estiveram os debates sobre as mudanças propostas pelo novo Código Eleitoral, especialmente a regulamentação da pré-campanha, além de painéis que abordaram o papel da narrativa emocional e da identidade visual como ferramentas essenciais na disputa eleitoral. As provocações lançadas por palestrantes como o advogado Isaac Kofi Medeiros, Denizia Gurgel, Morial Paiva, e Leonardo Saraiva, apontaram caminhos e desafios que já começam a moldar o cenário para as eleições de 2026, reforçando a importância da qualificação dos profissionais que atuam na área.
Edição de recordes
O Summit Cidades 2025 reuniu mais de 12 mil pessoas de 450 cidades nos 3 dias do evento. Foi o maior público já registrado desde a primeira edição, há 5 anos. Além disso, o número de atrações também foram recordes: 680 painelistas e palestrantes e até 15 experiências simultâneas, além da Feira de Negócios. O superintendente da Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos (Fepese) e CEO do Summit Cidades, Marcelino Ito, avalia que o crescimento é um reflexo da qualidade da programação e dos debates. “Os desafios dos municípios, dos estados, do Brasil, são muito parecidos. Então o que o evento proporciona é justamente que essas pessoas — gestores públicos, especialistas, técnicos, autoridades, empresas — se conectem para criar soluções ou para trocar experiências, trocar conhecimento. E o feedback que recebemos é sempre muito positivo. Os participantes nos trazem cases de sucesso e parcerias que nasceram aqui”, concluiu Marcelino.
O foco do Summit Cidades são debates e trocas sobre inovações urbanas, políticas públicas, tendências políticas e econômicas, mobilidade urbana, sustentabilidade, infraestrutura, governança municipal e financiamento de projetos públicos. O evento é realizado pela Fepese, em parceria com o Consórcio de Inovação na Gestão Pública (Ciga), o Consórcio Interfederativo Santa Catarina (Cincatarina), entre outras instituições.